
Forjado nas lutas dos movimentos sindicais dos anos 70 e 80, Lula mudou de lado no balcão das negociações com os controladores grevistas. Pressionado pelo risco do mal maior no caos dos aeroportos (como se pudesse piorar a situação) cedeu às reivindicações dos controladores descontrolados. Por telefone, dos EUA onde estava reunido com Bush (será que encontraram o Ponto G dessa vez?), Lula deu ordens para atender às solicitações dos grevistas e, para indignação dos militares, suspendeu qualquer possibilidade de punição aos grevistas paralisados, num flagrante desrespeito à hierarquia.
O presidente esqueceu, ou não levou em consideração, o fato de que os controladores de vôo estão submetidos ao código militar, portanto, patrocinavam um ato de insubordinação. O resultado da negociação foi o que se viu: aviões voando e militares bufando. A tranqüilidade voltou aos aeroportos, mas as casernas explodiam de indignação.
Num episódio repleto de equívocos, que se prolonga por vários meses, o governo federal inicialmente fingiu que não tinha nada a ver com o assunto. Depois tratou o tema como um assunto menor. Por fim, quando resolveu entrar em cena, foi para pagar o mico de exigir data e hora para a solução (esquecendo que ele próprio era parte do problema e da solução) e quando agiu de fato trocou tudo de lugar e se atrapalhou tomando uma decisão apressada e equivocada.
Com tudo isso Lula pagou o preço da inépcia em conduzir o assunto e, induzido pelo ranger de dentes dos generais, acabou voltando atrás na negociação inicial com os grevistas. Como se não faltasse nada nessa ópera bufa, o presidente Lula acaba por agradecer aos controladores de vôo pela quase ausência de problemas no feriado da Páscoa. Ou seja, agradeceu aos controladores por simplesmente cumprirem com seu dever. Não era uma obrigação. Não era um favor. Enfim, quando vier a solução desta crise não serão apenas os aviões que irão pro espaço. A credibilidade de um governo descontrolado também.

Nenhum comentário:
Postar um comentário