segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

“Borat”


“Borat” é um filme repleto de surpresas. Uma delas diz muito sobre o impacto e relevância de sua proposta. Apesar do tema, apesar de suas críticas à sociedade norte-americana, apesar de sua aparência de produção mambembe, longe do aparato dos blockbusters, o filme do bizarro “2º melhor jornalista do glorioso Cazaquistão” liderou as bilheterias nos EUA por algumas semanas. Para quem não está ligando o nome à pessoa, ou anda um pouco distraído, Borat Sadgiyev é o personagem criado pelo comediante inglês Sacha Baron Cohen, um papel tão integrado à sua personalidade pública que raramente ele “sai do personagem”.
Misto de documentário e reportagem “Borat” (o filme) narra a inacreditável viagem do repórter de TV (personagem título) que percorre os EUA de costa a costa para mostrar o “grande país” da América para seus compatriotas no distante Cazaquistão. A proposta é realizar uma grande reportagem sobre o estilo de vida americano visto pela lente de uma cultura completamente diversa. O inevitável choque de culturas rende momentos realmente hilários e resultam em algumas das seqüências mais cômicas do cinema nos últimos anos.
Sacha Cohen, recentemente premiado com o Globo de Ouro por sua atuação, realmente leva a sério sua criação. Para melhor estabelecer seu background ele até escreveu uma pequena biografia na Wikipedia. Lá diz o seguinte:
“Ele é o filho de Asimbala Sagdiyev e Boltok, o Estuprador, que também é seu avô por parte de mãe. Ele é também o ex-marido de Oksana Sadiyev, que era filha de Mariam Tuyakbay e Boltok, o Estuprador. Sua relação com a mãe parecer ser desagradável, e Borat já comentou que ‘ela preferia ter sido estuprada por outro homem’. Borat tem uma irmã chamada Natalya, considerada a quarta melhor prostituta do Cazaquistão, com quem ele fornica com freqüência, e um irmão mais novo chamado Bilo, que é retardado mental e precisa ser trancado em uma gaiola de metal.”
O humor de “Borat” nasce de momentos aparentemente involuntários. Nasce da diversidade cultural e da inocência quase “infantil” do repórter que raramente se deixa seduzir pelos apelos do “american way of life”. Uma exceção, nesse caso, tem um nome bem conhecido: Pamela Anderson. Borat preserva suas tradições e enxerga o mundo sempre sobre sua ótica única, particular.
Manipulando com grande criatividade o humor das situações inusitadas, “Borat” (o filme) diz mais sobre o choque de culturas e exerce uma crítica mais feroz sobre o estilo de vida norte-americano do que os documentários de um Michael Moore, por exemplo. Os limites do politicamente correto foram completamente ultrapassados. Com seu filme Sacha Cohen foi aos extremos do mau gosto e do escatológico com um único propósito: revelar o lado conservador, preconceituoso, egocêntrico e retrógrado da sociedade norte-americana.
Se conseguiu ou não seu intento cada espectador vai considerar individualmente o alcance dos seus acertos e erros. Mas numa coisa todos devem concordar: o filme é muito, muito engraçado. É irresistível e faz rir sem sentir dor.

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