Pais, mães e filhos sabem o poder terapêutico de uma boa palmada. Esse ato contém uma série de significados. Todos perfeitamente entendidos pelas partes. O recado maior, no entanto, pode ser definido numa única palavra: punição. Não há consenso entre os terapeutas e educadores a respeito dos efeitos (positivos ou negativos) de uma palmada. Mas seus resultados são práticos e imediatos. A criança pode pegar outra fatia de bolo, ou jogar bola na sala do apartamento, mas sabe que haverá alguma conseqüência. É aí que atua nosso livre-arbítrio. A Física explica: a cada ação existe uma reação. Aprendemos desde criancinha esse conceito. Alguns levam esse aprendizado pra toda vida. Outros passam a vida toda testando seus limites. Até que um belo dia descobrem que nem sempre a fatia de bolo a mais ou o jogo de bola dentro de casa resultará em repreensão.
Assim pensa e age a criminalidade no país. Não há repreensão, não há punição. Portanto, não há freio moral em seus atos. A raiz de grande parte das mazelas nacionais está na impunidade. Em todos os níveis e extratos sociais. A tragédia urbana brasileira parece ser alimentada pela inapelável submissão da sociedade que sucumbe ante a avalanche de violência que invade nossas vidas, ao vivo nas ruas, ou na telinha dos telejornais.
Fico imaginando se o caos e a rendição dos brasileiros ante a bandidagem não seria maior se o disparatado plebiscito a favor do desarmamento tivesse sido vitorioso. Fico imaginando a ousadia dos criminosos (já em níveis intoleráveis) se eles tivessem a mais absoluta certeza de que suas indefesas vítimas estariam desarmadas. Fico imaginando também se não devemos reagir a um assalto, mesmo considerando todos os riscos dessa atitude. A imagem do gado no matadouro não me sai da mente. Fico imaginando se, de fato, uma ação provoca uma reação. Ou revogaremos definitivamente neste país uma das mais elementares leis da Física. Fico imaginando se esse não é o verdadeiro dilema nacional.
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
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